A liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum tem como tema fundamental a REVELAÇÃO de Deus. Fala-nos de um Deus preparado para percorrer, de braço dado com os homens, os caminhos da história.
A primeira leitura (1Rs 19,9a.11-13a) convida os crentes a regressarem às origens da sua fé e do seu compromisso, a fazerem uma peregrinação ao encontro do Deus da comunhão e da Aliança; e garante que o crente não encontra esse Deus nas manifestações espetaculares, mas na humildade, na simplicidade, na interioridade.
O Evangelho (Mt 14,22-33) apresenta-nos uma reflexão sobre a caminhada histórica dos discípulos, enviados à “outra margem” a propor aos homens o banquete do Reino. Nessa “VIAGEM”, a comunidade do Reino não está sozinha, à mercê das forças da morte: em Jesus, o Deus do amor e da comunhão vem ao encontro dos discípulos, estende-lhes a mão, dá-lhes a força para vencer a adversidade, a desilusão, a hostilidade do mundo. Os discípulos são convidados a reconhecê-l’O, a acolhê-l’O e a aceitá-l’O como “O SENHOR”.
A segunda leitura (Rm 9,1-5) sugere que esse Deus, preparado para vir ao encontro dos homens e em revelar-lhes o seu rosto de amor e de bondade, tem uma proposta de salvação que oferece a todos. Convida-nos a estarmos atentos às manifestações desse Deus e a não perdermos as oportunidades de salvação que Ele nos oferece.
Leituras
O texto da primeira leitura aborda questões sobre a natureza de Deus e a busca pela sua presença. Levanta dúvidas sobre a comprovação da existência divina, destacando que Deus não é facilmente perceptível pelos sentidos ou pela ciência. O autor convida a encontrar Deus no silêncio, na simplicidade e na introspecção, apontando para a importância de se afastar do barulho e da agitação. Ao final, questiona-se sobre a necessidade de dedicar tempo à busca por Deus e reflete sobre onde Ele é mais facilmente encontrado: em momentos tranquilos e humildes ou em cenários espetaculares.
E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida
nestes termos:
Antes do Senhor, porém,
veio um vento impetuoso e forte,
que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos.
Mas o Senhor não estava no vento.
Depois do vento, houve um terremoto.
Mas o Senhor não estava no terremoto.
E depois do fogo,
ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa.
saiu e pôs-se à entrada da gruta.
Palavra do Senhor.
O Salmo expressa a esperança na reconciliação divina e na restauração da paz, ressoando a busca pela harmonia entre a justiça e o amor misericordioso de Deus.
R. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade,
e a vossa salvação nos concedei!
9aQuero ouvir o que o Senhor irá falar: *
bé a paz que ele vai anunciar.
10Está perto a salvação dos que o temem, *
e a glória habitará em nossa terra. R.
11A verdade e o amor se encontrarão,*
a justiça e a paz se abraçarão;
12da terra brotará a fidelidade,*
e a justiça olhará dos altos céus. R.
13O Senhor nos dará tudo o que é bom, *
e a nossa terra nos dará suas colheitas;
14a justiça andará na sua frente *
e a salvação há de seguir os passos seus. R.
A segunda leitura destaca a reflexão sobre oportunidades desperdiçadas a partir da história de Israel, que apesar de ter experimentado o amor de Deus, caiu na autossuficiência, perdendo a sintonia com Seus desígnios. Isso nos faz considerar nosso compromisso com Deus: não aceitar uma fé medíocre, renovar diariamente nosso compromisso, permanecer abertos aos desafios divinos e compreender que a salvação exige constante adesão aos dons divinos, indo além de meras formalidades religiosas.
apoiado no testemunho do Espírito Santo
em favor de meus irmãos, os de minha raça.
as alianças, as leis, o culto, as promessas
Cristo, o qual está acima de todos,
Deus bendito para sempre! Amém!
Palavra do Senhor.
O Evangelho deste domingo apresenta uma catequese sobre a trajetória da comunidade de Jesus, enviada para convidar a todos ao banquete do Reino e suprir a fome por vida e felicidade. Nossa responsabilidade é compartilhar essa missão de saciar a carência do mundo. A proposta que oferecemos se torna uma fonte confiável para aqueles que buscam plenitude, amor e esperança em meio à marginalização e anseios.
enquanto ele despediria as multidões.
A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho.
pois o vento era contrário.
“É um fantasma”.
E gritaram de medo.
caminhando sobre a água”.
em direção a Jesus.
“Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”
Palavra da Salvação.
Reflexão
A BRISA SUTIL DE DEUS E A MÃO DE JESUS
Ninguém aqui na terra pode ver a Deus… porque Ele é um Deus oculto, um Deus discreto. A liturgia deste domingo aborda esse tema em três momentos:
- Aparecimento na brisa suave;
- Paulo como um novo Elias;
- A manifestação divina em Jesus.
APARECIMENTO NA BRISA SUAVE
O profeta Elias era um profeta espetacular: ele se tornou crível perante o povo de Israel, ridicularizando os sacerdotes do deus Baal. Elias era um profeta que testemunhava – com declarações claras e públicas – o verdadeiro Deus. Além disso, ele perseguia e até mesmo fazia cair pela espada aqueles que o negassem.
O profeta Elias se destacou por sua atuação espetacular e convincente perante o povo de Israel. Ele confrontou os sacerdotes de Baal de forma pública e eficaz, demonstrando a superioridade do verdadeiro Deus. Elias testemunhou de maneira clara e direta sobre a divindade autêntica, não hesitando em desafiar aqueles que a negavam. Sua postura confrontadora o levou a tomar medidas drásticas, incluindo a punição daqueles que se opunham. No geral, Elias deixou um legado de dedicação e coragem na defesa da fé e na exposição do poder divino.
Depois de vários conflitos, Elias dirigiu-se ao monte sagrado, aquele onde Deus se manifestou a Moisés. Ele passou a noite em uma caverna. Foi comunicado a ele que Deus passaria à sua frente. Ele acreditou que Deus viria no furacão violento que “despedaçava as montanhas e despedaçava as rochas”, mas Deus não estava lá! Depois houve um terremoto… e então fogo. Deus não estava lá. Finalmente, “ouviu-se um suave sussurro“. Ao sentir isso, Elias cobriu o rosto com o manto. Era Deus!
PAULO COMO UM NOVO ELIAS
Assim como o profeta Elias, São Paulo tinha um forte amor pelo seu povo. No entanto, ao ver que não estavam aceitando a mensagem de Jesus, ele sentia uma tristeza profunda. Embora reconhecesse os valores e promessas do povo, ele se angustiava com a rejeição de Deus por parte deles. Mesmo assim, Paulo persistia em compartilhar o Evangelho na esperança de que pudessem ser alcançados pela graça divina. Esse amor e dor impulsionavam sua missão apostólica em levar a mensagem de salvação a todos.
No desfecho da situação, não há alternativa senão aceitar resignadamente a realidade e aguardar. Nesse ponto, todas as opções foram esgotadas, levando a pessoa a aceitar a situação com uma sensação de resignação e a esperar que as circunstâncias possam eventualmente mudar ou melhorar. É um momento de reconhecimento de que não há ação imediata a ser tomada e que a única escolha é enfrentar a situação com paciência e aguardar por eventuais desenvolvimentos.
A MANIFESTAÇÃO DIVINA EM JESUS.
No contexto do evangelho, uma nova situação é apresentada. Os apóstolos tinham uma inclinação natural para desejar uma manifestação grandiosa e impressionante do Reino de Deus. A multiplicação dos pães e peixes, um milagre que demonstrou o poder de Jesus, poderia ser interpretada por eles como um exemplo de uma entrada espetacular do Reino. Este episódio representa a esperança dos apóstolos por um evento visível e marcante que indicasse de maneira clara a chegada do Reino de Deus.
Jesus não correspondeu às expectativas dos discípulos após a multiplicação dos pães e peixes. Embora tenha feito um milagre notável, Ele rejeitou honras e a ideia de se tornar rei. Ele dispensou a multidão e instruiu os discípulos a seguir em frente. Em busca de conexão espiritual, Jesus se retirou para a solidão da montanha e passou a noite em oração, mostrando sua humildade e prioridade espiritual sobre ambições terrenas. Isso ilustra sua postura de resistir a ganhos superficiais em prol de um propósito mais profundo.
Durante a travessia no mar agitado, os discípulos viram Jesus caminhando sobre as águas. Pedro, impulsionado pela fé, também tentou caminhar, mas ficou com medo diante da tempestade e começou a afundar. Jesus o salvou, porém repreendeu a falta de fé de Pedro. Essa passagem destaca a importância da fé e confiança em momentos difíceis.
CONCLUSÃO
Assim como Elias sentiu a presença divina na brisa suave, encontramos a proximidade de Deus nos momentos de calma espiritual. Quando as situações se tornam turbulentas, como o mar agitado, buscamos evidências da presença de Jesus, como fez Pedro. Porém, as dúvidas podem nos fazer afundar, como aconteceu com Pedro.
Apesar disso, a mensagem é de esperança. A mão estendida de Jesus representa apoio divino, capaz de nos sustentar nas adversidades. Mesmo diante das incertezas, Deus e Jesus são nosso alicerce, permitindo-nos superar dúvidas, erguer-nos das dificuldades e seguir adiante em nossa jornada espiritual e pessoal.
Texto de: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU