VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA (ANO C) se

A PALAVRA

O corpo de Jesus jaz no sepulcro. A cruz está vazia, mas o eco de sua dor ainda ressoa nos corações dilacerados dos discípulos. É sábado. Um sábado diferente de todos os outros. Um dia em que o tempo parece suspenso entre a dor e a esperança, entre a morte e a promessa de vida. Os apóstolos, confusos, dispersos e mergulhados em um luto pesado, acreditam que tudo terminou. O que restou da promessa? O que fazer com os sonhos que morreram naquela cruz?

Mas nem todos se deixam vencer pela escuridão. Maria, a Mãe, permanece. Silenciosa, mas firme. Sofrida, mas crente. Enquanto o corpo de seu Filho descansa na fria pedra do túmulo, o coração da Mãe repousa sobre outra rocha: a Palavra de Deus. Ela se recorda do que Jesus lhe dissera — “Ao terceiro dia ressuscitarei.” Essas palavras ecoam em seu íntimo, como a chama quase invisível de uma vela acesa em meio à tempestade. Mas essa chama, embora pequena, não se apaga.

É curioso como, no momento mais sombrio da história da salvação, é o coração materno que preserva viva a centelha da fé. Maria, que o anjo saudou como “cheia de graça“, é agora a única que guarda, intacta, a promessa da ressurreição. Os apóstolos, tomados pelo medo, vacilam; o povo, que antes aclamava, se dispersa; mas Maria… ela espera.

O SÁBADO SANTO é o dia do silêncio de Deus. Um silêncio que não é ausência, mas mistério. Deus parece calado, mas está agindo. É o tempo do repouso do corpo de Cristo e também o tempo da prova da fé. A Igreja, ao contemplar esse dia, volta seu olhar para a figura de Maria. Não como um mero símbolo de dor, mas como testemunha viva da esperança que resiste à morte. Sua dor é real, como real é a dor de qualquer mãe que enterra um filho. Mas essa dor não paralisa — ela é atravessada por uma certeza que transcende a razão.

Simeão, o velho profeta do Templo, tinha avisado: “Uma espada transpassará tua alma.” E assim foi. Maria conhece o peso da cruz, embora não tenha carregado a madeira, carrega agora o peso da ausência. Mas também ouviu, naquela mesma profecia, que seu Filho seria “SINAL DE RESSURREIÇÃO”. Ela não esqueceu. Ela não abandonou a fé. Ela esperou.

E nessa espera, Maria se transforma na imagem da própria Igreja. Uma Igreja que sofre, que muitas vezes parece não entender os caminhos de Deus, mas que nunca deixa de esperar. É por isso que o Sábado Santo não é apenas um dia entre a morte e a vida — é um espelho da nossa própria caminhada cristã. Quantas vezes vivemos nossos “sábados santos”? Aquelas situações em que tudo parece perdido, em que a fé é provada no mais profundo, em que o silêncio de Deus nos angustia… E, no entanto, é nesses momentos que somos convidados a sermos como Maria: perseverantes na fé, mesmo quando os sinais parecem faltar.

O Sábado Santo é o dia da fé pura, da fé sem consolações visíveis. Um convite a repousarmos, como Maria, nas promessas de Deus. É o dia de aprender com Ela a arte de esperar, de não desesperar. De não fechar os olhos para o sofrimento, mas de atravessá-lo sustentados pela esperança da ressurreição.

E quando o sol do terceiro dia despontar, não será apenas Jesus que sairá da tumba — mas também nossos corações, que souberam esperar com Maria. Porque aquele que prometeu ressuscitar, cumpre o que promete.

Que neste Sábado Santo, aprendamos com Maria a esperar o impossível, a crer mesmo quando tudo parece perdido. Que o silêncio não nos paralise, mas nos prepare. Porque a Ressurreição sempre chega — para aqueles que sabem esperar.

Leituras

Na eterna dança da criação, ‘Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom‘ (Gênesis 1,1 -2,2); hoje, contemplar a vida com olhos divinos transforma nossa escuridão em alvoradas de graça.

1 No princípio Deus criou o céu e a terra.
2 A terra estava deserta e vazia,
as trevas cobriam a face do abismo
e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.
3 Deus disse: “Faça-se a luz!” E a luz se fez.
4 Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas.
5 E à luz Deus chamou “dia” e às trevas, “noite”.
Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.
6 Deus disse: “Faça-se um firmamento entre as águas,
separando umas das outras”.
7 E Deus fez o firmamento,
e separou as águas que estavam embaixo,
das que estavam em cima do firmamento. E assim se fez.
8 Ao firmamento Deus chamou “céu”.
Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia.
9 Deus disse:
“Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar 
e apareça o solo enxuto!” E assim se fez.
10 Ao solo enxuto Deus chamou “terra”
e ao ajuntamento das águas, “mar”.
E Deus viu que era bom.
11 Deus disse: “A terra faça brotar vegetação
e plantas que deem semente, e árvores frutíferas que
deem fruto segundo a sua espécie, 
que tenham nele a sua semente sobre a terra”. 
E assim se fez.
12 E a terra produziu vegetação
e plantas que trazem semente segundo a sua espécie,
e árvores que dão fruto tendo nele a semente da sua espécie. 
E Deus viu que era bom.
13 Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia.
14 Deus disse:
“Façam-se luzeiros no firmamento do céu,
para separar o dia da noite.
Que sirvam de sinais para marcar as festas,
os dias e os anos,
15 e que resplandeçam no firmamento do céu
e iluminem a terra”. E assim se fez.
16 Deus fez os dois grandes luzeiros:
o luzeiro maior para presidir ao dia, e o luzeiro menor
para presidir à noite, e as estrelas.
17 Deus colocou-os no firmamento do céu
para alumiar a terra,
18 para presidir ao dia e à noite e separar a luz das trevas. 
E Deus viu que era bom.
19 E houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.
20 Deus disse:
“Fervilhem as águas de seres animados de vida
e voem pássaros sobre a terra,
debaixo do firmamento do céu”.
21 Deus criou os grandes monstros marinhos 
e todos os seres vivos que nadam, em multidão, nas águas,
segundo as suas espécies, e todas as aves,
segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom.
22 E Deus os abençoou, dizendo:
“Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei as águas do mar, 
e que as aves se multipliquem sobre a terra”.
23 Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.
24 Deus disse: “Produza a terra seres vivos
segundo as suas espécies, animais domésticos, 
répteis e animais selvagens, segundo as suas espécies”.
E assim se fez.
25 Deus fez os animais selvagens,
segundo as suas espécies,
os animais domésticos, segundo as suas espécies
e todos os répteis do solo, segundo as suas espécies.
E Deus viu que era bom.
26 Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem
e segundo a nossa semelhança,
para que domine sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu,
sobre os animais de toda a terra,
e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”.
27 E Deus criou o homem à sua imagem,
à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou.
28 E Deus os abençoou e lhes disse:
“Sede fecundos e multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-a!
Dominai sobre os peixes do mar,
sobre os pássaros do céu
e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”.
29 E Deus disse:
“Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente
sobre a terra, e todas as árvores que produzem fruto
com sua semente, para vos servirem de alimento.
30 E a todos os animais da terra,
e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja sobre a terra 
e que é animado de vida, 
eu dou todos os vegetais para alimento”. E assim se fez.
31 E Deus viu tudo quanto havia feito,
e eis que tudo era muito bom.
Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia.
2,1 E assim foram concluídos o céu e a terra
com todo o seu exército.
2 No sétimo dia, Deus considerou acabada
toda a obra que tinha feito; 
e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera.
Palavra do Senhor.

Em meio a sombras que insistem em persistir, ‘Enviaste o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovais‘ (Sl 103), hoje, soprais vida nas fendas do mundo, transformando desespero em auroras que ousam brotar do pó.

R. Enviai o vosso Espírito Senhor,
e da terra toda a face renovai.

1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor! *
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
2a De majestade e esplendor vos revestis *
e de luz vos envolveis como num manto. R.
 
5 A terra vós firmastes em suas bases, *
ficará firme pelos séculos sem fim;
6 os mares a cobriam como um manto, *
e as águas envolviam as montanhas. R.
 
10 Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes *
que passam serpeando entre as montanhas;
12 às suas margens vêm morar os passarinhos, *
entre os ramos eles erguem o seu canto. R.
 
13 De vossa casa as montanhas irrigais,*
com vossos frutos saciais a terra inteira;
14 fazeis crescer os verdes pastos para o gado*
e as plantas que são úteis para o homem. R.
 
24 Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras,*
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!*
35c Bendize, ó minha alma, ao Senhor! R.

No abismo entre a faca erguida e o cordeiro prometido, ‘Guardai-me, ó Deus!‘ (Gn 22,1-18) ecoa: vosso refúgio não apaga o tremor das mãos, mas transforma altares de angústia em auroras de confiança.

Naqueles dias,
1 Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: “Abraão!”
E ele respondeu: “Aqui estou”.
2 E Deus disse: “Toma teu filho único, Isaac,
a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá,
e oferece-o ali em holocausto
sobre um monte que eu te indicar”.
3 Abraão levantou-se bem cedo,
selou o jumento, tomou consigo dois dos seus servos
e seu filho Isaac.
Depois de ter rachado lenha para o holocausto, 
pôs-se a caminho, para o lugar que Deus lhe havia ordenado.
4 No terceiro dia,
Abraão, levantando os olhos, viu de longe o lugar.
5 Disse, então, aos seus servos:
“Esperai aqui com o jumento,
enquanto eu e o menino vamos até lá.
Depois de adorarmos a Deus, voltaremos a vós”.
6 Abraão tomou a lenha para o holocausto
e a pôs às costas do seu filho Isaac,
enquanto ele levava o fogo e a faca.
E os dois continuaram caminhando juntos.
7 Isaac disse a Abraão: “Meu pai”.
– “Que queres, meu filho?”, respondeu ele.
E o menino disse: 
“Temos o fogo e a lenha,
mas onde está a vítima para o holocausto?”
8 Abraão respondeu:
“Deus providenciará a vítima 
para o holocausto, meu filho”. 
E os dois continuaram caminhando juntos.
9 Chegados ao lugar indicado por Deus,
Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima,
amarrou o filho e o pôs sobre a lenha em cima do altar.
10 Depois, estendeu a mão,
empunhando a faca para sacrificar o filho.
11 E eis que o anjo do Senhor gritou do céu,
dizendo: “Abraão! Abraão!”
Ele respondeu: “Aqui estou!”
12 E o anjo lhe disse: “Não estendas a mão
contra teu filho e não lhe faças nenhum mal!
Agora sei que temes a Deus,
pois não me recusaste teu filho único”.
13 Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro
preso num espinheiro pelos chifres; foi buscá-lo
e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho.
14 Abraão passou a chamar aquele lugar:
“O Senhor providenciará”. Donde até hoje se diz:
“O monte onde o Senhor providenciará”.
15 O anjo do Senhor chamou Abraão,
pela segunda vez, do céu,
16 e lhe disse:
“Juro por mim mesmo – oráculo do Senhor -,
uma vez que agiste desse modo
e não me recusaste teu filho único,
17 eu te abençoarei
e tornarei tão numerosa tua descendência
como as estrelas do céu
e como as areias da praia do mar.
Teus descendentes conquistarão 
as cidades dos inimigos.
18 Por tua descendência serão abençoadas
todas as nações da terra, porque me obedeceste”.
Palavra do Senhor.

Num mundo que vende convicções ao melhor preço, ‘Senhor, quem morará em vosso santuário?(Sl 15,5.8.9-10.11) clama: só os que trocam o ouro da hipocrisia pela moeda inquebrável da justiça e do amor sem fronteiras!

R. Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

5 Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, *
meu destino está seguro em vossas mãos!
8 Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, *
pois se o tenho a meu lado não vacilo. R.

9 Eis porque meu coração está em festa, 
minha alma rejubila de alegria, *
e até meu corpo no repouso está tranquilo;
10 pois não haveis de me deixar entregue à morte, *
nem vosso amigo conhecer a corrupção. R.

11 Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites, *
delícia eterna e alegria ao vosso lado! R.

Quando o mar da crise rugia e o desespero sussurrava ‘não há saída’, ‘os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto!‘ (Ex 14,15-15,1) – eis o Deus que ainda hoje abre caminhos onde nossos olhos só veem abismos!

Naqueles dias,
15 o Senhor disse a Moisés:
“Por que clamas a mim por socorro?
Dize aos filhos de Israel que se ponham em marcha.
16 Quanto a ti, ergue a vara,
estende o braço sobre o mar e divide-o,
para que os filhos de Israel caminhem
em seco pelo meio do mar.
17 De minha parte, endurecerei o coração dos egípcios,
para que sigam atrás deles,
e eu seja glorificado às custas do Faraó,
e de todo o seu exército,
dos seus carros e cavaleiros.
18 E os egípcios saberão que eu sou o Senhor,
quando eu for glorificado às custas do Faraó,
dos seus carros e cavaleiros”.
19 Então, o anjo do Senhor, que caminhava
à frente do acampamento dos filhos de Israel,
mudou de posição e foi para trás deles;
e com ele, ao mesmo tempo, a coluna de nuvem,
que estava na frente, colocou-se atrás,
20 inserindo-se entre o acampamento dos egípcios
e o acampamento dos filhos de Israel.
Para aqueles a nuvem era tenebrosa,
para estes, iluminava a noite.
Assim, durante a noite inteira,
uns não puderam aproximar-se dos outros.
21 Moisés estendeu a mão sobre o mar,
e durante toda a noite o Senhor fez soprar sobre o mar
um vento leste muito forte; e as águas se dividiram.
22 Então, os filhos de Israel entraram
pelo meio do mar a pé enxuto,
enquanto as águas formavam como que uma muralha
à direita e à esquerda.
23 Os egípcios puseram-se a persegui-los,
e todos os cavalos do Faraó,
carros e cavaleiros os seguiram mar adentro.
24 Ora, de madrugada,
o Senhor lançou um olhar, desde a coluna de fogo 
e da nuvem, sobre as tropas egípcias e as pôs em pânico.
25 Bloqueou as rodas dos seus carros,
de modo que só a muito custo podiam avançar.
Disseram, então, os egípcios: 
“Fujamos de Israel!
Pois o Senhor combate a favor deles, contra nós”.
26 O Senhor disse a Moisés: 
“Estende a mão sobre o mar, para que as águas se voltem contra 
os egípcios, seus carros e cavaleiros”.
27 Moisés estendeu a mão sobre o mar
e, ao romper da manhã, o mar voltou ao seu leito normal, 
enquanto os egípcios, em fuga,
corriam ao encontro das águas,
e o Senhor os mergulhou no meio das ondas.
28 As águas voltaram e cobriram carros,
cavaleiros e todo o exército do Faraó,
que tinha entrado no mar em perseguição a Israel.
Não escapou um só.
29 Os filhos de Israel, ao contrário,
tinham passado a pé enxuto pelo meio do mar,
cujas águas lhes formavam uma muralha
à direita e à esquerda.
30 Naquele dia,
o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios,
e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar,
31 e a mão poderosa do Senhor agir contra eles.
O povo temeu o Senhor, e teve fé no Senhor
e em Moisés, seu servo.
15,1 Então, Moisés e os filhos de Israel
cantaram ao Senhor este cântico:

Quando a vida parece um deserto sem fim, ‘Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!‘ (Ex 15,1-18): pois Aquele que partiu o mar ainda hoje transforma nossos desertos em jardins de esperança, onde a gratidão floresce.

R. Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!

1 Ao Senhor quero cantar, pois fez brilhar a sua glória: *
precipitou no Mar Vermelho o cavalo e o cavaleiro!
2 O Senhor é minha força, é a razão do meu cantar, *
pois foi ele neste dia para mim libertação! R.

Ele é meu Deus e o louvarei, Deus de meu pai, e o honrarei. *
3 O Senhor é um Deus guerreiro o seu nome é “Onipotente”:
4 os soldados e os carros do Faraó jogou no mar, *
seus melhores capitães afogou no Mar Vermelho, R.
 
5 Afundaram como pedras e as ondas os cobriram, 
6 Ó Senhor, o vosso braço é duma força insuperável! *
Ó Senhor, o vosso braço esmigalhou os inimigos! R.


17 Vosso povo levareis e o plantareis em vosso Monte, *
no lugar que preparastes para a vossa habitação,
no Santuário construído pelas vossas próprias mãos. *
18 O Senhor há de reinar eternamente, pelos séculos! R.

Em meio às ruínas de tuas certezas, onde só resta o pó das promessas quebradas, ‘Com misericórdia eterna, eu o teu Senhor, me compadeci de ti‘ (Is 54,5-14) – eis o amor que refaz os alicerces quando todas as paredes desabam.

5 Teu esposo é aquele que te criou,
seu nome é Senhor dos exércitos;
teu redentor, o Santo de Israel,
chama-se Deus de toda a terra.
6 O Senhor te chamou,
como a mulher abandonada e de alma aflita;
como a esposa repudiada na mocidade,
falou o teu Deus.
7 Por um breve instante eu te abandonei,
mas com imensa compaixão volto a acolher-te.
8 Num momento de indignação,
por um pouco ocultei de ti minha face,
mas com misericórdia eterna compadeci-me de ti,
diz teu salvador, o Senhor.
9 Como fiz nos dias de Noé,
a quem jurei nunca mais inundar a terra,
assim juro que não me irritarei contra ti
nem te farei ameaças.
10 Podem os montes recuar e as colinas abalar-se,
mas minha misericórdia não se apartará de ti,
nada fará mudar a aliança de minha paz,
diz o teu misericordioso Senhor.
11 Pobrezinha, batida por vendavais, sem nenhum consolo,
eis que assentarei tuas pedras sobre rubis,
e tuas bases sobre safiras;
12 revestirei de jaspe tuas fortificações,
e teus portões, de pedras preciosas,
e todos os teus muros, de pedra escolhida.
13 Todos os teus filhos serão discípulos do Senhor,
teus filhos possuirão muita paz;
14 terás a justiça por fundamento.
Longe da opressão, nada terás a temer;
serás livre do terror,
porque ele não se aproximará de ti.
Palavra do Senhor

Quando a vida parece um abismo sem fim e todas as portas se fecham, ‘Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!‘ (Sl 29,2-13) – eis o canto que transforma nossos desertos em jardins de esperança, onde a gratidão floresce eternamente!

R. Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!

2 Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes, *
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
4 Vós tirastes minha alma dos abismos *
e me salvastes, quando estava já morrendo! R.

5 Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, *
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
6 Pois sua ira dura apenas um momento, *
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos, *
de manhã vem saudar-nos a alegria. R.

11 Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! *
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
12a Transformastes o meu pranto em uma festa, *
13b Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! R.

Em meio ao deserto da indiferença, onde tantos se perdem sedentos de sentido, ‘Vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno‘ – eis a fonte que jorra para quem ainda ousa crer no amor que não se cansa de esperar!

Assim diz o Senhor:
1 “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas;
vós que não tendes dinheiro, apressai-vos,
vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro,
tomar vinho e leite, sem nenhuma paga.
2 Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão,
desperdiçar o salário senão com satisfação completa?
Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem,
para deleite e revigoramento do vosso corpo.
3 Inclinai vosso ouvido e vinde a mim,
ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno,
manterei fielmente as graças concedidas a Davi.
4 Eis que fiz dele uma testemunha para os povos,
chefe e mestre para as nações.
5 Eis que chamarás uma nação que não conhecias,
e acorrerão a ti povos que não te conheciam,
por causa do Senhor, teu Deus,
e do Santo de Israel, que te glorificou.
6 Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado;
invocai-o, enquanto ele está perto.
7 Abandone o ímpio seu caminho,
e o homem injusto, suas maquinações;
volte para o Senhor, que terá piedade dele,
volte para nosso Deus, que é generoso no perdão.
8 Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos
e vossos caminhos não são como os meus caminhos, 
diz o Senhor.
9 Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos
e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos,
quanto está o céu acima da terra.
10 Como a chuva e a neve descem do céu
e para lá não voltam mais,
mas vêm irrigar e fecundar a terra,
e fazê-la germinar e dar semente, 
para o plantio e para a alimentação,
11 assim a palavra que sair de minha boca:
não voltará para mim vazia;
antes, realizará tudo que for de minha vontade
e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”.
Palavra do Senhor.

Em tempos áridos onde muitos se perdem em oásis falsos, ‘Com alegria bebereis do manancial da salvação’ (Is 12,2-6) – eis a fonte que não seca, onde cada gole sacia nossa sede de eternidade e transforma deserto em terra de louvor!

R. Com alegria bebereis do manancial da salvação.

Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; † 
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. *
Com alegria bebereis do manancial da salvação. R.

4b E direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor, † 
 c invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,* 
 d dentre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. R.

5 Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,*
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
6 Exultai cantando alegres, habitantes de Sião,*
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!” R.

Quando a escuridão do mundo parece vencer, ‘Marcha para o esplendor do Senhor’ (Br 3,9-4,4) – eis o chamado que transforma nossos passos vacilantes em peregrinação luminosa, onde cada dor se torna estrela guia para a verdadeira sabedoria!

9 Ouve, Israel, os preceitos da vida;
presta atenção, para aprenderes a sabedoria.
10 Que se passa, Israel?
Como é que te encontras em terra inimiga?
11 Envelheceste num país estrangeiro,
te contaminaste com os mortos,
foste contado entre os que descem à mansão dos mortos.
12 Abandonaste a fonte da sabedoria!
13 Se tivesses continuado no caminho de Deus,
viverias em paz para sempre.
14 Aprende onde está a sabedoria,
onde está a fortaleza e onde está a inteligência,
e aprenderás também onde está a longevidade e a vida,
onde está o brilho dos olhos e a paz.
15 Quem descobriu onde está a sabedoria?
Quem penetrou em seus tesouros?
32 Aquele que tudo sabe, conhece-a, descobriu-a com sua inteligência;
aquele que criou a terra para sempre
e a encheu de animais e quadrúpedes;
 33 aquele que manda a luz, e ela vai,
chama-a de volta, e ela obedece tremendo.
34 As estrelas cintilam em seus postos de guarda
e alegram-se;
35 ele chamou-as, e elas respondem: “Aqui estamos”;
e alumiam com alegria o que as fez.
36 Este é o nosso Deus,
e nenhum outro pode comparar-se com ele.
37 Ele revelou todo o caminho da sabedoria
a Jacó, seu servo, e a Israel, seu bem-amado.
38 Depois, ela foi vista sobre a terra e habitou entre os homens.
4,1 A sabedoria é o livro dos mandamentos de Deus,
é a lei, que permanece para sempre.
Todos os que a seguem, têm a vida,
e os que a abandonam, têm a morte.
2 Volta-te, Jacó, e abraça-a;
marcha para o esplendor, à sua luz.
3 Não dês a outro a tua glória
nem cedas a uma nação estranha teus privilégios.
4 Ó Israel, felizes somos nós,
porque nos é dado conhecer o que agrada a Deus.
Palavra do Senhor.

Em tempos de vozes confusas e caminhos incertos, acolhemos com fé: “Senhor, tens palavras de vida eterna” (Sl 18B), pois só em Ti há luz, consolo e salvação.

R. Senhor, tens palavras de vida eterna.

8 A lei do Senhor Deus é perfeita,*
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,*
sabedoria dos humildes. R.

9 Os preceitos do Senhor são precisos,*
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,*
para os olhos é uma luz. R.

10 É puro o temor do Senhor,*
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos*
e justos igualmente. 
R.
 
11 Mais desejáveis do que o ouro são eles,*
do que o ouro refinado.
Suas palavras são mais doces que o mel,*
que o mel que sai dos favos.
 R.

Quando o peso dos erros nos envelhece a alma, ‘Derramarei sobre vós uma água pura e dar-vos-ei um coração novo’ (Ez 36,16-28) – eis a promessa que transforma cicatrizes em fontes, fazendo da nossa história mais escura terra fértil para a graça!

16 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
17a “Filho do homem,
os da casa de Israel estavam morando em sua terra.
Mancharam-na com sua conduta e suas más ações.
18 Então derramei sobre eles a minha ira,
por causa do sangue que derramaram no país
e dos ídolos com os quais o mancharam.
19 Eu dispersei-os entre as nações,
e eles foram espalhados pelos países.
Julguei-os de acordo com sua conduta e suas más ações.
20 Quando eles chegaram às nações para onde foram,
profanaram o meu santo nome; pois deles se comentava:
‘Esse é o povo do Senhor;
mas tiveram de sair do seu país!’
21 Então eu tive pena do meu santo nome
que a casa de Israel estava profanando
entre as nações para onde foi.
22 Por isso, dize à casa de Israel:
‘Assim fala o Senhor Deus: Não é por causa de vós
que eu vou agir, casa de Israel,
mas por causa do meu santo nome,
que profanastes entre as nações para onde fostes.
23 Vou mostrar a santidade do meu grande nome,
que profanastes no meio das nações.
As nações saberão que eu sou o Senhor.
– oráculo do Senhor Deus –
quando eu manifestar minha santidade
à vista delas por meio de vós.
24 Eu vos tirarei do meio das nações,
vos reunirei de todos os países,
e vos conduzirei para a vossa terra.
25 Derramarei sobre vós uma água pura,
e sereis purificados.
Eu vos purificarei de todas as impurezas
e de todos os ídolos.
26 Eu vos darei um coração novo
e porei um espírito novo dentro de vós.
Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra
e vos darei um coração de carne;
27 porei o meu espírito dentro de vós
e farei com que sigais a minha lei
e cuideis de observar os meus mandamentos.
28 Habitareis no país que dei a vossos pais.
Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus'”.
Palavra do Senhor.

No deserto árido de um mundo hiperconectado mas vazio, ‘A minh’alma tem sede de Deus‘ (Sl 41-42) clama como rio subterrâneo: só nas fontes do Altíssimo a essência humana reencontra seu verdadeiro rumo!

R. A minh’alma tem sede de Deus.

3 A minh’alma tem sede de Deus,*
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver*
a face de Deus? 
R.

5 Peregrino e feliz caminhando*
para a casa de Deus,
entre gritos, louvor e alegria
da multidão jubilosa. R.

42,3 Enviai vossa luz, vossa verdade:*
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso Monte santo,*
até a vossa morada! R.

Então irei aos altares do Senhor,*
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei, ao som da harpa,*
meu Senhor e meu Deus! R.

Em meio à cultura efêmera que idolatra a morte, “Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais” (Rm 6,3-11) ecoa como uma revolução permanente: nossa vida, mergulhada na Sua, já é eternidade começando hoje!

Irmãos:
3 Será que ignorais que todos nós,
batizados em Jesus Cristo,
é na sua morte que fomos batizados?
4 Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele,
para que, como Cristo ressuscitou dos mortos
pela glória do Pai,
assim também nós levemos uma vida nova.
5 Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo
por uma morte semelhante à sua,
seremos semelhantes a ele também pela ressurreição.
6 Sabemos que o nosso velho homem
foi crucificado com Cristo,
para que seja destruído o corpo de pecado,
de maneira a não mais servirmos ao pecado.
7 Com efeito, aquele que morreu está livre do pecado.
8 Se, pois, morremos com Cristo,
cremos que também viveremos com ele.
9 Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos
não morre mais;
a morte já não tem poder sobre ele.
10 Pois aquele que morreu,
morreu para o pecado uma vez por todas;
mas aquele que vive, é para Deus que vive.
11 Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado
e vivos para Deus, em Jesus Cristo.
Palavra do Senhor.

Em meio às noites escuras da alma, ressoa a vitória do Ressuscitado, e com o coração em festa proclamamos com fé: “Aleluia, Aleluia, Aleluia” (Sl 117), porque a pedra rejeitada se tornou fundamento de esperança, e a vida venceu a morte; este é o dia que o Senhor fez para nós, um tempo novo de alegria sem fim.

R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.

1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! *
‘Eterna é a sua misericórdia!’
2 A casa de Israel agora o diga: *
‘Eterna é a sua misericórdia!’ R.

16ab A mão direita do Senhor fez maravilhas, 
a mão direita do Senhor me levantou, *
a mão direita do Senhor fez maravilhas!’
17 Não morrerei, mas ao contrário, viverei *
para cantar as grandes obras do Senhor! R.
 
22 A pedra que os pedreiros rejeitaram, *
tornou-se agora a pedra angular.
23 Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: *
Que maravilhas ele fez a nossos olhos! R.

Em tempos de desesperança e corações vazios, ressoa a pergunta divina: “Por que estais procurando entre os mortos àquele que está vivo?” (Lc 24,5), e a fé renasce como luz invencível.

1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada,
as mulheres foram ao túmulo de Jesus,
levando os perfumes que haviam preparado.
2 Elas encontraram a pedra do túmulo removida.
3 Mas ao entrar, 
não encontraram o corpo do Senhor Jesus
4 e ficaram sem saber o que estava acontecendo.
Nisso, dois homens com roupas brilhantes
pararam perto delas.
5 Tomadas de medo, elas olhavam para o chão,
mas os dois homens disseram:
“Por que estais procurando entre os mortos
aquele que está vivo?
6 Ele não está aqui. Ressuscitou!
Lembrai-vos do que ele vos falou,
quando ainda estava na Galileia:
7 ‘O Filho do Homem deve ser entregue
nas mãos dos pecadores, ser crucificado
e ressuscitar ao terceiro dia'”.
8 Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus.
9 Voltaram do túmulo
e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros.
10 Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago.
Também as outras mulheres que estavam com elas
contaram essas coisas aos apóstolos.
11 Mas eles acharam que tudo isso era desvario,
e não acreditaram.
12 Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo.
Olhou para dentro e viu apenas os lençóis.
Então voltou para casa,
admirado com o que havia acontecido.
Palavra da Salvação.

Reflexão

NA AURORA, A VIDA

O céu, que antes despertava fascínio e esperança, agora parece distante diante das luzes artificiais, das distrações constantes e do excesso de informações que nos cansam mais do que nos nutrem. Muitas pessoas caminham com o coração pesado, pressionadas por rotinas aceleradas, dilemas existenciais, relações fragilizadas e uma constante sensação de vazio.

Em meio a esse mundo marcado pela ansiedade, pela solidão e pela busca incessante por sentido, ressurge uma proposta silenciosa e poderosa: seguir, nesta noite, o caminho das mulheres do Evangelho. Aquelas que, na aurora do terceiro dia, foram ao sepulcro com o coração partido para ungir um corpo morto… e acabaram encontrando a Vida.

A história delas é também a nossa. Elas viram, escutaram, e anunciaram — três passos que nos introduzem no mistério da Páscoa. E talvez hoje, mais do que nunca, precisamos percorrer esse caminho.

ELAS VIRAM.

O primeiro sinal da ressurreição não foi um discurso elaborado ou uma revelação sobrenatural em tom triunfal. Foi um túmulo vazio. Um espaço onde deveria haver morte, mas não havia nada. Um vazio que surpreende, desestabiliza, mas que também abre espaço para a esperança.

E como esse sinal nos fala hoje! Vivemos rodeados por túmulos simbólicos: a desesperança, a violência cotidiana, o individualismo que nos isola, a exaustão emocional. Muitos de nós aprendemos a olhar para a vida com os olhos voltados para o chão, desanimados, presos à lógica do “sempre foi assim”. O túmulo do “não tem jeito” tornou-se morada para tantos.

Mas nesta noite – mesmo que pareça noite profunda – somos convidados a erguer os olhos. A permitir que a Luz da Páscoa ilumine nossas sombras. A crer que o medo, o fracasso e até mesmo a morte não têm a última palavra. A RESSURREIÇÃO DE CRISTO rompe as lógicas da derrota e nos lembra que nossa história não termina no vazio: ela recomeça ali, justamente onde tudo parecia perdido.

ELAS ESCUTARAM.

Dois homens, com vestes resplandecentes, anunciam às mulheres: “Por que buscais entre os mortos Aquele que vive? Ele não está aqui!”. Que pergunta atravessadora! Quantas vezes ainda hoje procuramos o Deus da vida em lugares mortos? No comodismo, na religião sem compromisso, no moralismo sem compaixão, na fé reduzida a tradição social.

Procuramos Deus nas aparências, no sucesso instantâneo, nas promessas fáceis. E quando Ele não se encaixa nos nossos moldes, achamos que Ele está ausente. Mas o Ressuscitado sempre nos surpreende: está onde não esperamos, nos marginalizados do mundo, nos dramas humanos, na lágrima silenciosa, na luta persistente dos que ainda acreditam no amor.

A Páscoa nos convida a sair da religião de costume e reencontrar o Deus que está vivo – não confinado nos templos, mas caminhando nas ruas; não preso aos rituais, mas encarnado na história dos que sofrem e esperam. Escutar a Ressurreição é permitir-se ser questionado: será que eu ainda busco o Vivente entre os mortos?

ELAS ANUNCIARAM

O Evangelho diz que, ao ouvirem o anúncio, as mulheres “correram” para contar aos outros. Não hesitaram. Não esperaram ser compreendidas. Não se preocuparam com a reputação. Foram movidas por um impulso interior maior do que qualquer medo: a certeza de que a Vida venceu.

E hoje, quem são essas mulheres? Somos nós. Nós, que experimentamos em algum momento a presença viva de Deus, somos chamados a correr – não para nós mesmos, mas ao encontro dos outros. Uma fé que se contenta com consolo íntimo ou com práticas fechadas em si mesmas é uma fé sem Páscoa.

A Ressurreição nos lança para fora. Ela nos chama a ser Igreja que caminha, que sai, que não tem medo de se sujar na realidade do mundo. Igreja que leva o perfume da esperança aos becos da guerra, às feridas do desespero, aos silêncios das famílias quebradas. Igreja que não se limita a pregar: mas age, acolhe, serve, reconcilia.

CRISTO VIVE! Então por que continuar rodeando túmulos? Rolemos a pedra. Abramos os corações. Levemos essa Luz onde há trevas, com gestos concretos: um perdão oferecido, uma escuta atenta, um prato de comida partilhado, uma mensagem de paz onde há conflito, uma ação de justiça onde reina a exclusão.

A NOSSA ESPERANÇA TEM UM NOME: JESUS.

E Ele não ficou preso ao túmulo. Ele entrou nas dores mais profundas da humanidade – e da tua vida também. Entrou no caos das guerras, nos becos das cidades, nas casas onde falta pão e onde o coração está esgotado. Ele passou por tudo e venceu. E hoje te diz: LEVANTA, RECOMEÇA, RESPIRA. A NOITE PASSOU. A AURORA CHEGOU.

Nenhuma noite é infinita. Nenhuma ferida é maior do que o amor de Deus. Nenhum túmulo é capaz de conter a força da Ressurreição.

Neste tempo em que o mundo parece girar sem rumo, em que muitos perderam a fé na mudança, na paz, no outro – o anúncio mais poderoso que podemos fazer não é complexo, nem sofisticado. É simples. Mas carrega em si o poder de transformar tudo:

CRISTO RESSUSCITOU! Ele está vivo. E está contigo. Agora. Aqui. Sempre.

Texto baseado na Homilia do Papa Francisco
Fonte: VATICANO