Deus é testemunha de que quando vos dirijo a palavra, não existe um sim e depois um não. O Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós, Silvano, Timóteo e eu, vos temos anunciado, não foi sim e depois não, mas sempre foi SIM. Porque todas as promessas de Deus são sim em Jesus. Por isso, é por ele que nós dizemos Amém à glória de Deus. (2 Coríntios 1,18-20)
O amor pode comportar sentimentos, mas o amor não é um sentimento. Eu sei que sou amado quando alguém vê quem eu sou e afirma-o. Sou amado quando alguém consegue discernir, para lá das minhas qualidades e dos meus defeitos, a pessoa única que eu sou, e diz sim a essa pessoa.
Ser amado, então, é ouvir um sim que eu não mereci, um sim que não resultou ou foi condicionado pelas vicissitudes da existência. Um sim destes foi sempre muito difícil de pronunciar pelos homens. Em nossos dias, tornou-se quase impossível.
Neste texto, Paulo diz-nos que Deus disse este sim a cada um de nós. Na raiz do nosso ser, encontra-se o sim sem condições de Deus àquilo que nós somos, e é esse sim que faz de nós seres vivos.
O sim de Deus manifesta-se antes de mais pelo fato de existirmos. Ao criar-nos, ao chamar-nos à existência, Deus diz-te, a ti e a mim: Eu quero que existas, tu és precioso aos meus olhos. E, através da história contada na Bíblia, Deus mostra o seu sim ao continuar a oferecer ao seu povo a vida em plenitude, apesar das infidelidades.
Mas será que, um dia, Deus ficará cansado das nossas recusas? Chegará o seu sim a um limite? Não, diz Paulo, porque ao enviar o seu Filho que deu a sua vida por nós, Deus mostrou que o seu sim é um sim até ao fim. Quando se dá a vida por alguém, dá-se tudo, de uma vez por todas (ver João 15,13).
Este sim definitivo, sem condições, que Deus diz em Cristo, torna possível o nosso sim de resposta. É por isso que Paulo continua: Graças a Cristo podemos dizer o nosso «amém», isto é, o nosso sim a Deus para a sua glória. E dizemos sim a Deus ao dizermos sim aos homens, aos nossos irmãos e irmãs, ao afirmar a sua existência pelas nossas palavras e pelos nossos atos.
Quando descobrimos o sim de Deus em nós, deixamos as nossas ilusões para entrar na realidade da vida. Encontramos uma base que permite aceitar o que somos e o que não somos, como diz a Carta do Quênia. Além disso, tornamo-nos mulheres e homens que podem amar os outros com perseverança. Saberemos olhar para além dos limites deles e depositar a nossa confiança no sim de Deus neles. Poderemos concretizar esse extremo do amor que se chama perdão.
Viver no mundo contemporâneo dá por vezes a impressão de que andamos sobre areias movediças. Antes de mais, precisamos de mulheres e de homens que indiquem a terra firme, ao darem testemunho de um sim que não é «sim e não». Se vivermos deste sim que Deus nos diz em Cristo, poderemos nos tornar essas pessoas. Juntos, podemos transformar o nosso planeta num sitio onde todos se sintam em casa.
PARA REFLETIR
- Será que há pessoas que me fazem viver pelo seu sim sem condições para comigo?
- Haverá pessoas que eu ame tal como elas são, permitindo-lhes que se aceitem a si próprias?
- O que me ajuda a descobrir o sim sem condições de Deus para comigo?
- De que modos diversos poderemos comunicar aos outros o sim sem condições de Deus?
Estas meditações bíblicas são sugeridas como meio de procura de Deus no silêncio e na oração, mesmo no dia-a-dia. Consiste em reservar uma hora durante o dia para ler em silêncio o texto bíblico sugerido, acompanhado de um breve comentário e de algumas perguntas. Em seguida constituem-se pequenos grupos de 3 a 10 pessoas, para uma breve partilha do que cada um descobriu, integrando eventualmente um tempo de oração.
Imagem: PIXABAY
Texto: COMMUNAUTÉ DE TAIZÉ