Nesta última etapa do “caminho do advento”, a liturgia nos apresenta quem é o menino que vem de Deus e é tão esperado pela humanidade. Ele chega pelo caminho da humildade e simplicidade, mas é o “Senhor” da história, o Rei-Pastor que nos guia aos pastos eternos onde há vida em abundância. Sua vinda une a fragilidade humana à majestade divina, desafiando-nos a enxergar grandeza nas coisas pequenas.
Na Primeira Leitura (Mq 5,1-4a), o profeta Miqueias traz esperança aos habitantes de Judá, um povo humilhado e incerto sobre o futuro. Ele anuncia a chegada de um rei humilde e bondoso, guiado por Deus, que trará justiça, paz e prosperidade. Esse rei, como um pastor amoroso, cuidará de seu povo e inaugurará uma nova era. Essa mensagem nos ensina que, mesmo em meio à adversidade, a esperança em Deus é fonte de força.
O Evangelho (Lc 1,39-45) nos apresenta duas mulheres, Maria e Isabel, grávidas não só de filhos, mas de fé e esperança. Em sua simplicidade, ambas reconhecem em Jesus o cumprimento das promessas de Deus. Isabel, ao receber Maria, exulta de alegria, e juntas nos convidam a acolher Jesus com amor, alegria e gratidão. Ele é o centro da história da salvação e a fonte da verdadeira paz.
Na Segunda Leitura (Hb 10,5-10), somos ensinados que Jesus, ao entrar no mundo, viveu em total obediência ao plano de Deus, entregando-se inteiramente à vontade do Pai. Ele nos mostra que a grandeza está em servir e amar, chamando-nos a seguir seu exemplo.
Neste advento, somos convidados a reconhecer Deus nos gestos simples e no cotidiano, acolhendo o Rei-Pastor com fé e alegria. Assim como Maria e Isabel, sejamos testemunhas vivas de que Deus está conosco.
Fonte de reflexão: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus
Leituras
De ti, Belém, pequena aos olhos do mundo, nascerá o pastor de Israel, trazendo paz e esperança, enquanto Deus faz brotar sua luz nos corações humildes para transformar nossa história.
de ti há de sair
aquele que dominará em Israel;
sua origem vem de tempos remotos,
desde os dias da eternidade.
e o resto de seus irmãos
se voltará para os filhos de Israel.
os homens viverão em paz,
pois ele agora estenderá o poder
até aos confins da terra,
Iluminai-nos com o esplendor de vossa face, Senhor, e transformai nossos corações; que a vossa luz nos guie na conversão e nos conduza à salvação, trazendo esperança para os dias de hoje.
R. Iluminai a vossa face sobre nós,
convertei-nos para que sejamos salvos!
c Vós que sobre os querubins vos assentais, *
15 Voltai-vos para nós, Deus do universo! †
Olhai dos altos céus e observai. *
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16 Foi a vossa mão direita que a plantou; *
protegei-a, e ao rebento que firmastes! R.
18 Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, *
o filho do homem que escolhestes para vós!
19 E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! *
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! R.
Eis-me aqui, Senhor, para cumprir tua vontade; que meu coração seja moldado pelo teu amor e minha vida, uma oferenda viva que transforma o hoje em um reflexo da tua graça eterna.
mas formaste-me um corpo.
Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade'”.
oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado”
– coisas oferecidas segundo a Lei –
para estabelecer o segundo.
realizada uma vez por todas.
Palavra do Senhor.
Quem sou eu para receber a visita da mãe do meu Senhor? Que essa graça inspire em nós a humildade e a alegria de reconhecer a presença de Deus em cada encontro e gesto de amor.
dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.
e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
e bendito é o fruto do teu ventre!”
Palavra da Salvação.
Homilia
A SAUDAÇÃO DA VIDA
Neste último domingo do Advento, somos convidados a refletir sobre o poder transformador de um simples cumprimento. Cumprimentar, como o próprio termo sugere, é um ato de desejar “saúde” e “vida” ao outro. Ao saudarmos alguém, na verdade, estamos dizendo: “Que você tenha vida em abundância!” Esse desejo de bem-estar é, na sua essência, uma oração dirigida ao Autor da Vida, tornando cada saudação um ato sagrado e repleto de significado.
Dividirei esta reflexão em quatro partes:
- O cumprimento de Maria.
- O hino-resposta de Isabel.
- O contexto do encontro das duas mulheres-mães.
- Por que Jesus nos pediu “não negar o cumprimento a ninguém”?.
Este domingo de Advento nos desafia a vivermos com mais atenção e presença nos gestos cotidianos. Que cada saudação seja para nós uma oração, um momento de conexão verdadeira com os outros, e uma lembrança de que estamos aguardando Aquele que traz a verdadeira saúde e vida em abundância.
O CUMPRIMENTO DE MARIA.
As palavras de Maria, carregadas de uma energia transformadora, são como o dabar – um acontecimento, como diriam os hebreus. Esta palavra, vigorosa e cheia de poder, transforma Isabel, preenchendo-a com o Espírito Santo.
O Evangelho de Lucas nos revela a força imprevisível de um simples cumprimento. Maria, portadora da Vida divina, entra na casa de Zacarias e saúda Isabel. Não é apenas um cumprimento comum, mas um profundo desejo de vida para sua parente idosa, que, após anos de esterilidade, agora carrega em seu ventre o milagre da fertilidade.
Nesse encontro, ocorre uma comunicação admirável entre o Espírito que habita em Maria e Isabel, antes estéril, mas agora fecunda e morada do Espírito. É um momento de intensa troca espiritual, onde a presença de Deus se manifesta de maneira tangível e poderosa. As palavras de Maria, acompanhadas do Espírito Santo, geram vida, renovando Isabel e confirmando a realização das promessas de Deus.
O HINO-RESPOSTA DE ISABEL
Isabel, cheia do Espírito Santo, responde com uma energia contagiante. Suas palavras se tornam proféticas, abençoando Maria e o fruto do seu ventre. Esse momento carrega uma profundidade impressionante, pois para os hebreus, a bênção do ventre era de suma importância – um ventre estéril era considerado uma maldição. O Salmo 127 expressa com clareza essa bênção: “A herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre é o seu prêmio”.
O cumprimento de Maria, que é muito mais do que um simples “olá”, desencadeia um segundo efeito poderoso: o bebê no ventre de Isabel salta de alegria – “agallíasis”, em grego, que traduzido significa a alegria da vitória final. É uma alegria que antecipa a redenção, a vitória que está por vir.
Os Pais da Igreja viam esse momento como a santificação de João Batista no ventre materno. Já desde o início de sua existência, João é tocado pelo Espírito e santificado, dando início à sua missão como o precursor do Senhor. Este evento não apenas marca o reconhecimento de Maria como a mãe do Salvador, mas também revela a presença transformadora do Espírito Santo, agindo de maneira invisível, mas poderosa, em cada um dos envolvidos. O salto de alegria de João no ventre de Isabel é a manifestação desse movimento divino, que prepara o caminho para o Messias, trazendo uma antecipação da alegria que será vivida por toda a humanidade.
Este episódio nos chama a refletir sobre como a presença do Espírito Santo age em nossas vidas, transformando momentos cotidianos em experiências de fé profundas e significativas.
O CONTEXTO DO ENCONTRO DAS DUAS MULHERES-MÃES.
A Carta aos Hebreus interpreta este encontro como a entrada de Jesus, o Messias, no mundo. Ele chega como a oferta mais agradável a Deus, superando todo o sistema de sacrifícios do Templo. O Filho de Maria cumprirá a vontade do Pai, santificando-nos a todos por meio da oferta do seu corpo. Essa entrega suprema é a chave que abre as portas da salvação para a humanidade, revelando o amor incondicional de Deus por nós.
Miqueias, o profeta, já havia anunciado que esse acontecimento extraordinário ocorreria em uma pequena aldeia de Judá, aparentemente insignificante, mas que se tornaria o centro da história da humanidade. A mãe, Maria, daria à luz ao Pastor de Israel, aquele que traria paz e união entre os irmãos, rompendo as barreiras do pecado e da separação. Sua missão é clara: trazer reconciliação, restaurar a harmonia e unir os corações.
Neste IV Domingo do Advento, somos convidados a contemplar a grandeza do Messias que se revela em humildade, nascendo em um estábulo, e, ao mesmo tempo, a refletir sobre como sua chegada transforma radicalmente o nosso entendimento de sacrifício e redenção. Ele não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la plenamente, oferecendo-se como o sacrifício perfeito, que nos torna capazes de viver em comunhão com Deus e uns com os outros. O convite, portanto, é para que acolhamos este presente de amor e nos preparemos para a verdadeira paz que Ele traz, a paz que une e não divide.
POR QUE JESUS NOS PEDIU “NÃO NEGAR O CUMPRIMENTO A NINGUÉM”?
Jesus nos ensinou a não negar o cumprimento a ninguém: “Se apenas saudais aqueles que vos saudam, que mérito tendes?” (Mt 5,46-47). Essas palavras ecoam em nosso coração, desafiando-nos a refletir sobre o poder profundo que um simples gesto pode ter. O cumprimento, tão comum e aparentemente simples, é, na verdade, o prenúncio da chegada da vida e da Boa Nova. Ele não é apenas um gesto de educação ou cortesia, mas um ato que carrega em si a possibilidade de transformação.
Como Maria, que ao visitar Isabel apressou-se em compartilhar a alegria do Salvador, os discípulos de Jesus são chamados a sair em missão, anunciando o Evangelho não só com palavras, mas com a plenitude de seu ser. A pressa de Maria em levar a boa notícia deve ser a mesma que sentimos ao irradiar o amor e a paz de Cristo em cada encontro, em cada saudação.
Neste IV Domingo do Advento, somos convidados a refletir: o que estamos fazendo com nossos cumprimentos? Será que eles vão além da formalidade, transmitindo realmente vida? Em um mundo onde tantas vezes nos fechamos em nós mesmos, a simples ação de saudar com o coração pode ser o início de algo muito maior, algo que só o Espírito Santo pode despertar em nós.
Será que temos consciência do poder que possuímos para dar vida aos outros? Aqueles que estão cheios do Espírito, que vivem em constante conexão com a graça divina, são capazes de transmitir algo mais que um simples “olá”; eles transmitem vida, luz, e esperança. Por outro lado, quem está vazio de espírito oferece apenas formalismos, sem alcançar a profundidade que um verdadeiro cumprimento pode alcançar.
Que neste tempo de Advento, possamos renovar nossa percepção sobre os gestos mais simples, mas que carregam o potencial de fazer a diferença. Que cada saudação nossa seja uma expressão do amor de Deus, capaz de trazer vida onde há morte, esperança onde há desespero, e paz onde há conflito.
CONCLUSÃO
Como disse o poeta John O’Donohue:
“Um cumprimento pode ser um mistério, uma forma de estender uma ponte e tocar a vida de outro ser humano.”
Neste último domingo de Advento, somos convidados a refletir sobre o poder transformador de um simples gesto de saudação. O cumprimento de um mensageiro de esperança não é um ato trivial, mas sim um momento capaz de estremecer corações, mudar destinos e abrir portas para a novidade que tanto esperamos.
Em nossa vida cotidiana, quantas vezes somos rápidos demais para passar ao próximo passo, sem parar para perceber que um gesto sincero de saudação pode ser a chave para um encontro divino? A saudação de Maria a Isabel, repleta da presença do Espírito, não foi apenas uma formalidade; ela carregava a vida e a luz do Salvador, uma saudação que tocava o profundo da alma de Isabel, transformando sua esterilidade em fecundidade espiritual.
O Advento nos ensina, assim, que há grande poder no que muitas vezes parece pequeno. O cumprimento de Maria, carregado de esperança, abriu o caminho para o que estava por vir: a chegada do Messias, a renovação de todas as coisas. E isso nos desafia a olhar para nossos próprios gestos de saudação, que muitas vezes passam despercebidos. Será que, ao cumprimentar alguém, conseguimos transmitir não apenas palavras, mas vida, esperança e luz?
Que neste IV Domingo do Advento, possamos redescobrir a força transformadora do cumprimento. Que ao saudar, possamos ser mensageiros da esperança, dispostos a tocar a vida dos outros com o poder do Espírito. Que nossas palavras e gestos abram portas para a novidade que Deus preparou para nós, trazendo paz, fé e renovação.
ORAÇÃO
Senhor Deus,
No silêncio do Advento, somos chamados a preparar os nossos corações para a chegada do Salvador. Hoje, ao celebrarmos o IV Domingo do Advento, pedimos que a luz do Teu Espírito ilumine nossas vidas e nos ajude a viver com esperança e confiança, como Maria, que acolheu Teu chamado com fé inabalável.
Que, assim como Maria, possamos ser mensageiros da Tua paz e da Tua alegria. Que nossos gestos e palavras, por mais simples que sejam, possam carregar a força da esperança e o amor transformador que vem de Ti. Que ao cumprimentar o próximo, possamos transmitir vida, renovação e a certeza de que a Tua presença está conosco, agora e sempre.
Ó Senhor, sabemos que Tu nos chamaste para ser luz neste mundo marcado pela escuridão. Ajuda-nos a viver o Evangelho com a mesma pressa de Maria, que, cheia de Espírito, foi ao encontro de Isabel para compartilhar a Boa Nova. Que possamos também sair em missão, levando o Teu amor e Tua verdade, para que o Teu Reino se faça presente em cada coração.
Que este tempo de espera nos prepare para o encontro com Cristo, nosso Salvador, e que possamos viver com alegria e fé renovada, sabendo que, em Ti, tudo é possível. Que, ao Te esperarmos, possamos abrir nossas portas e corações para a Tua chegada, transformando-nos na morada da Tua paz.
Pedimos tudo isso em nome de Teu Filho, Jesus Cristo, que vive e reina, agora e sempre.
Amém.
Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.