O tema deste III Domingo do Advento pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o “CAMINHO” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.
O Evangelho (Lc 3,10-18) sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “batizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
A primeira leitura (Sf 3,14-18ª) sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à ALEGRIA: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco.
A segunda leitura (Fl 4,4-7) insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
Leituras
Nunca é demais sublinhar a essência de Deus: O AMOR. Na Profecia de Sofonias, o amor de Deus não só introduz na relação com o Povo um dinamismo de perdão; mas esse amor faz ainda mais: provoca a própria conversão do Povo. Esta consciência de que Deus nos ama, muito para além das nossas falhas e fraquezas, e que o seu amor nos transforma,
nos torna menos egoístas e mais humanos, é uma das mais belas
constatações que os crentes podem fazer.
14Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel!
Alegra-te e exulta de todo o coração,
cidade de Jerusalém!
15O Senhor revogou a sentença contra ti,
afastou teus inimigos;
o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti,
nunca mais temerás o mal.
16Naquele dia, se dirá a Jerusalém:
‘Não temas, Sião,
não te deixes levar pelo desânimo!
17O Senhor, teu Deus, está no meio de ti,
o valente guerreiro que te salva;
ele exultará de alegria por ti,
movido por amor;
exultará por ti, entre louvores,
18acomo nos dias de festa’.
Palavra do Senhor.
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!
2Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo;*
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.
3Com alegria bebereis no manancial da salvação. R.
4e direis naquele dia: ‘Dai louvores ao Senhor,
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,*
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. R.
5Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,*
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
6Exultai cantando alegres, habitantes de Sião,*
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!’ R.
A ALEGRIA, essencial na experiência cristã, deve estar especialmente presente neste tempo de espera do Senhor. Não é uma alegria que resulta dos êxitos desportivos, nem do nosso êxito profissional, nem do aumento da nossa conta bancária, mas é uma ALEGRIA pela presença iminente do Senhor nas nossas vidas, como proposta libertadora. É a certeza da presença libertadora do Senhor que a nossa alegria deve anunciar aos homens nossos irmãos.
Irmãos:
4Alegrai-vos sempre no Senhor;
eu repito, alegrai-vos.
5Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens!
O Senhor está próximo!
6Não vos inquieteis com coisa alguma,
mas apresentai as vossas necessidades a Deus,
em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças.
7E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento,
guardará os vossos corações e pensamento
em Cristo Jesus.
Palavra do Senhor.
Naquele tempo:
10As multidões perguntavam a João: ‘Que devemos fazer?’
11João respondia:
‘Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem;
e quem tiver comida, faça o mesmo!’
12Foram também para o batismo cobradores de impostos,
e perguntaram a João:
‘Mestre, que devemos fazer?’
13João respondeu:
‘Não cobreis mais do que foi estabelecido.’
14Havia também soldados que perguntavam:
‘E nós, que devemos fazer?’
João respondia:
‘Não tomeis à força dinheiro de ninguém,
nem façais falsas acusações;
ficai satisfeitos com o vosso salário!’
15O povo estava na expectativa
e todos se perguntavam no seu íntimo
se João não seria o Messias.
16Por isso, João declarou a todos:
‘Eu vos batizo com água,
mas virá aquele que é mais forte do que eu.
Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas
sandálias.
Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.
17Ele virá com a pá na mão:
vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro;
mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga.’
18E ainda de muitos outros modos,
João anunciava ao povo a Boa-Nova.
Palavra da Salvação.
Fonte: Liturgia Diária – CNBB
Reflexão
UMA ESPERANÇA ALEGRE E COMPROMETIDA
As leituras deste III domingo do Advento nos colocam diante da necessidade de viver este Advento concretamente no aqui e agora de nossas vidas. O Natal já está próximo e preparar nossa comunidade, nossa família e minha própria pessoa para essa celebração que requer certa dedicação e atenção.
As duas primeiras leituras nos falam de uma atitude básica para este tempo do Advento: a ALEGRIA. A leitura da Profecia de Sofonias começa com um convite para levantar a cabeça e o coração: “ALEGRA-TE, FILHA DE SIÃO, GRITA DE ALEGRIA, ALEGRIA E ALEGRIA“. Há uma razão fundamental para desfrutarmos dessa alegria. Como o próprio profeta diz: “O Senhor revogou nossa sentença, ele se alegra e se deleita em nós“. E termina com a única conclusão possível: “O SENHOR TE AMA“.
O que está por vir, o que vamos celebrar em poucos dias é o começo da história da nossa libertação definitiva de tudo o que nos oprime, nos acorrenta e não nos deixa viver como pessoas. O que nos liberta é precisamente o amor que Deus tem por nós.
A segunda leitura afeta a mesma idéia. Paulo pede aos filipenses e a nós também, que sejamos felizes no Senhor. Podemos confiar totalmente nele – nada para nos preocupar – e a paz de Deus habitará nossos corações. A razão permanece a mesma: o Senhor está próximo, nossa libertação já está em andamento. Essa é a razão verdadeira e mais profunda para a esperança e alegria do cristão.
O Evangelho nos oferece outra perspectiva da mesma realidade. A alegria é expressa na proclamação da Boa Nova da salvação feita por João Batista. Mas a recepção desta notícia não pode nos deixar indiferentes. Tem consequências para a nossa vida. Assim como aqueles que ouviram João, perguntaram o que deveriam fazer, hoje também podemos nos fazer a mesma pergunta. A resposta de João não foi a mesma para todos. Pelo contrário, levou em conta a situação diferente de cada pessoa. Alguns são convidados a compartilhar o que eles têm, outros a praticar a justiça, outros a não prejudicar ninguém ou abusar de seu poder. Agora é nossa questão olhar para a nossa vida e nos perguntar O QUE DEVEMOS FAZER? Talvez não valha a mesma resposta para todos. E todos terão que ser honestos e aplicar sua resposta à sua própria vida. Em qualquer caso, devemos saber que ele se apressa em fazê-lo, porque já está próximo o dia que ele “nos batizará com o Espírito Santo e com fogo“. Nossa alegria não pode ser dada se não houver uma mudança real, uma conversão verdadeira. A Boa Nova, se a aceitarmos em nossos corações, muda nossa vida e nos ajuda a descobrir a verdadeira alegria: “AQUELE QUE VEM É AQUELE QUE NOS AMA“.
Para reflexão
- Como eu poderia viver e expressar alegria nestes últimos dias do Advento e no Natal que se aproxima?
- Em que pontos concretos minha vida deve mudar se eu realmente quiser receber o Jesus que vem, No relacionamento com os outros, com minha família, comigo mesmo?
Texto: Fernando Torres, cmf
Imagem: Pixabay
Fonte: Ciudad Redonda