III DOMINGO DO ADVENTO (ANO A)

A PALAVRA

A liturgia deste III DOMINGO DO ADVENTO lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está proxima“.

A primeira leitura anuncia (Is 35,1-6a.10) a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir, num cenário de alegria e de festa, para a terra da liberdade.

O Evangelho (Mt 11,2-11) descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.

A segunda leitura (Tg 5,7-10) convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança.  

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Para os otimistas, o nosso tempo é um tempo de grandes realizações, de grandes descobertas, em que se abre todo um mundo de possibilidades ao homem; para os pessimistas, o nosso tempo é um tempo de sobreaquecimento do planeta, de subida do nível do mar, de destruição da camada do ozono, de eliminação das florestas, de risco de holocausto nuclear… Para uns e para outros, é um tempo de desafios, de interpelações, de procura, de risco… Como é que nós nos relacionamos com este mundo? Vemo-lo com os olhos da esperança, ou com os óculos negros do desespero?

1 Alegre-se a terra que era deserta e intransitável,
exulte a solidão e floresça como um lírio.
2 Germine e exulte
de alegria e louvores.
Foi-lhe dada a glória do Líbano,
o esplendor do Carmelo e de Saron;
seus habitantes verão a glória do Senhor,
a majestade do nosso Deus.
3 Fortalecei as mãos enfraquecidas
e firmai os joelhos debilitados.
4 Dizei às pessoas deprimidas:
“Criai ânimo, não tenhais medo!
Vede, é vosso Deus,
é a vingança que vem, é a recompensa de Deus;
é ele que vem para vos salvar”.
5 Então se abrirão os olhos dos cegos
e se descerrarão os ouvidos dos surdos.
6a O coxo saltará como um cervo
e se desatará a língua dos mudos.
10 Os que o Senhor salvou, voltarão para casa.
Eles virão a Sião cantando louvores,
com infinita alegria brilhando em seus rostos:
cheios de gozo e contentamento,
não mais conhecerão a dor e o pranto.
Palavra do Senhor.

O Senhor reinará para sempre!

R. Vinde Senhor, para salvar o vosso povo!

7 O Senhor é fiel para sempre, *
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos, *
é o Senhor quem liberta os cativos. R.

8 O Senhor abre os olhos aos cegos,*
o Senhor faz erguer-se o caído,
o Senhor ama aquele que é justo,*
9a é o Senhor que protege o estrangeiro. R.

b Ele ampara a viúva e o órfão,*
c mas confunde os caminhos dos maus.
10 O Senhor reinará para sempre!*
Ó Sião, o teu Deus reinará. R.

Muitos irmãos nossos fazem, todos os dias, a experiência intolerável de viver na injustiça, no medo, no sofrimento, à margem da vida, privados de dignidade… Tiago diz-lhes: “apesar do sem sentido da vida, apesar do sofrimento, Deus não vos abandonou nem esqueceu, mas vai libertar-vos; aproxima-se a dia da intervenção salvadora de Deus… Esperai-O, não com o coração cheio de revolta, que vos destrói e que magoa todos aqueles que, sem ter culpa, vivem e caminham a vosso lado, mas com esperança e confiança”.

Irmãos:
7 Ficai firmes até à vinda do Senhor.
Vede o agricultor:
ele espera o precioso fruto da terra e fica firme
até cair a chuva do outono ou da primavera.
8 Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações,
porque a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros,
para que não sejais julgados.
Eis que o juiz está às portas.
10 Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza
os profetas, que falaram em nome do Senhor.
Palavra do Senhor.

Mais uma vez, somos interpelados e questionados pela figura vertical e coerente de João… Ele não é um pregador da moda, cujas ideias variam conforme as flutuações da opinião pública ou os interesses dos poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega para ganhar dinheiro, para defender seus interesses, ou para ter uma vida comoda e sem grandes exigências… Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e qual procura cumpri-la, com fidelidade e sem medo.

Naquele tempo,
2 João estava na prisão.
Quando ouviu falar das obras de Cristo,
enviou-lhe alguns discípulos,
3 para lhe perguntarem:
“És tu, aquele que há de vir,
ou devemos esperar um outro?”
4 Jesus respondeu-lhes:
“Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo:
5 os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam,
os leprosos são curados, os surdos ouvem,
os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados.
6 Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”
7 Os discípulos de João partiram,
e Jesus começou a falar às multidões, sobre João:
“O que fostes ver no deserto?
Um caniço agitado pelo vento?
8 O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas?
Mas os que vestem roupas finas
estão nos palácios dos reis.
9 Então, o que fostes ver? Um profeta?
Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta.
10 É dele que está escrito:
‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente;
ele vai preparar o teu caminho diante de ti’.
11 Em verdade vos digo, de todos os homens que já
nasceram, nenhum é maior do que João Batista.
No entanto, o menor no Reino dos Céus
é maior do que ele”.
Palavra da Salvação.

REFLEXÃO

QUEM VIRÁ?

As leituras do III Domingo do Advento nos colocam no caminho do quem virá. Não fornecem uma lista das coisas que vão acontecer ou nos pintam um retrato do Messias, para que o reconheçamos como o enviado de Deus, em qualquer lugar onde o encontremos. Mas algumas coisas nos dizem.

De pronto, a leitura do profeta Isaías faz-nos abrir os olhos e nos sentir maravilhados. O que virá e o que vai acontecer quando ele chegar, não tem comparação na história da humanidade. Tudo o que o profeta conhecia ia mudar radicalmente. Até o deserto ia florescer. Devemos lembrar que a Palestina é uma terra rodeada de desertos, de modo que o profeta sabia bem do que estava falando e que isso era praticamente impossível. Mas não só os desertos vão florescer. O que vem nos tirará o temor e o medo, e devolverá a visão aos cegos e os surdos voltarão a ouvir. Dito de outra maneira, os que pelo pecado tinham ficado incapazes para se comunicar com o mundo, os que nos tinham ficado surdos e cegos ante o Deus que nos ama e nos convida à salvação, recuperarão esses sentidos e voltarão a ver e a ouvir ao Deus que chama. Os libertados de todas as escravaturas darão saltos de alegria e terão uma alegria eterna refletida em seus rostos. Isso é o que vai acontecer quando vier o que está a ponto de vir segundo o profeta.

O Evangelho repete as mesmas ideias. Ante a pergunta dos discípulos de João Batista a Jesus, este responde: “IDE CONTAR A JOÃO O QUE ESTAIS OUVINDO E VENDO” e a seguir diz-lhes quase ao pé da letra o que dizia a leitura do profeta Isaías. Mas com uma diferença importante. Onde o profeta utilizava o futuro, Jesus usa o presente. O que o profeta anunciava como algo que tinha que esperar, Jesus o diz como algo que já está acontecendo. Não só isso. Jesus louva a João Batista. Foi, diz, o maior dos profetas. Sem dúvida. Mas surpreende-nos com sua última frase: “NO ENTANTO, O MENOR NO REINO DOS CÉUS É MAIOR DO QUE ELE”. Parece que Jesus fala de um presente, algo que já está acontecendo, que é novo, que até a figura gigante de João Batista fica apagada ante isso.

E é verdade. Jesus tem razão. O Reino já está aqui. Deus abriu já os ouvidos dos surdos e os olhos dos cegos. Hoje sabemos que o Advento é lembrança de uma espera que foi, mas que para nós já é presente. Celebramos o aniversário da chegada de Jesus. Não estamos esperando que venha, porque já veio. Abram os olhos e olhem a vossos vizinhos, amigos e familiares, verão um filho de Deus. QUE OUTRA COISA SERIA O REINO?

 Tenho os ouvidos e os olhos abertos para ver a presença do Senhor que está próximo de mim, que vive em minha comunidade e em minha família? Sinto a alegria de sua presença salvadora em minha vida? Como comunico essa alegria aos demais, aos que vivem comigo?

Texto: Fernando Torres – Missionários Claretianos, cmf
Fonte: MISSIONÁRIOS CLARETIANOS (CIUDAD REDONDA)