16Na realidade, não é baseando-nos em hábeis fábulas imaginadas que nós vos temos feito conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos vistos a sua majestade com nossos próprios olhos. 17Porque ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando do seio da glória magnífica lhe foi dirigida esta voz: “Este é o meu Filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. 18Essa mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos, quando estávamos com ele no monte santo. 19Assim demos ainda maior crédito à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender, como a uma lâmpada que brilha em um lugar tenebroso até que desponte o dia e a estrela da manhã se levante em vossos corações. 20Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. 21Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus. (2 Pedro 1,16-21)
Pedro, um discípulo de Jesus, viu por um momento a glória de Jesus, juntamente com dois dos seus companheiros. Ouviram a voz de Deus no brilho da sua radiância. Este é um acontecimento que os Evangelhos também nos relatam: “a transfiguração de Cristo“. (Marcos 9,2-10; Lucas 9,28-36; Mateus 17,1-13). Tal como acontece com outros relatos bíblicos, o acontecimento é confirmado por uma multiplicidade de testemunhas; longe de qualquer ficção, a experiência de Deus sobre a qual os discípulos nos falam acontece na história, nas suas vidas reais.
Provavelmente todos nos gostaríamos de ter uma experiência direta de Deus, porque sentimentos e experiências é uma dimensão necessária das nossas vidas. São oportunidade para nos alegrarmos. “Quanto a nós, não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (Atos 4,20). Tal como aconteceu aos discípulos, experiências levadas a sério transformam-se num chamamento para vivermos a vida de uma determinada forma.
Estes mesmos discípulos podem tornar-se testemunhas para nós hoje, porque a sua experiência de Jesus é humana, sentida através dos seus olhos e dos seus ouvidos. Pedro escreve: “E esta voz, vinda do Céu, nós mesmos a ouvimos” (v.18).
Para aprendermos seja o que for, precisamos confiar na experiência dos outros. Por isso Pedro convida-nos a confiar na sua experiência, sem pretender que ela seja inquestionável. Ao ouvi-lo, podemos conhecer Jesus, aprender que Deus coloca o Seu encanto, a Sua alegria nele (v. 17). A alegria é uma experiência que nos é familiar; podemos tê-la ouvido e visto, ou pelo menos podemos tê-la desejado. Pelo seu lado, Jesus que recebe esta alegria de Deus, prometeu aos seus amigos: “Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.” (João 16,22). A alegria torna-se um caminho a percorrer, ou mesmo uma confirmação da experiência que podemos ter com Deus.
Pedro também dá testemunho de que podemos confiar na palavra dos profetas. Acreditar nas palavras de outros pode parecer ingénuo, mas esta é uma experiência humana básica, porque ninguém nos pode forçar a confiar. A liberdade é uma condição para a verdadeira confiança e é dessa forma que as relações nascem e crescem.
Hoje em dia estamos constantemente preocupados com a solidez da informação. A informação viaja depressa. As notícias falsas abundam. A confiança é traída e surge a ansiedade, a indiferença, tudo o que é o oposto da alegria. Viver na inspiração da fé em Jesus pode tornar-se um facto que precisa ser justificado, ou constantemente retificado, e nisto a alegria já parece desaparecer no horizonte.
Pedro avisa-nos que ninguém pode interpretar uma profecia sozinho (v.21), que toda a revelação vem de Deus através do seu Espírito. O Espírito, que nos pode transformar a todos em profetas (ver Joel 3,1), torna-se para nós uma garantia desta alegria, mesmo no meio da desconfiança e da tristeza. Este texto bíblico deixa-nos um convite: confiar nos outros e na ação do Espírito que faz com que possamos partilhar a alegria de Deus (ver Lucas 10,21; Gálatas 5,22).
PARA REFLETIR
- Que alegrias experimentamos nos últimos dias? O que posso aprender com essas experiências?
- O que significa para mim ter uma relação pessoal com Deus?
- Para ousar trilhar o caminho da confiança que iniciativas poderiam tomar no meu dia-a-dia?
Texto: COMMUNAUTÉ DE TAIZÉ
Imagem: PIXABAY
Estas meditações bíblicas são sugeridas como meio de procura de Deus no silêncio e na oração, mesmo no dia-a-dia. Consiste em reservar uma hora durante o dia para ler em silêncio o texto bíblico sugerido, acompanhado de um breve comentário e de algumas perguntas. Em seguida constituem-se pequenos grupos de 3 a 10 pessoas, para uma breve partilha do que cada um descobriu, integrando eventualmente um tempo de oração.