Na próxima semana, celebraremos o dia da Pátria: 7 de setembro. Há 27 anos, acontece o “Grito dos Excluídos”, movimentação de agentes cristãos e de homens e mulheres de boa vontade que chamam a atenção para uma sociedade mais justa e fraterna, no respeito à dignidade de cada pessoa e na busca por extinguir de nossas atitudes qualquer preconceito, discriminação e violência. “TODOS SOMOS IRMÃOS”, afirma o título do último grande documento publicado pelo Papa Francisco, a Encíclica Fratelli tutti, grande hino à fraternidade universal e à amizade social. Somente no respeito ao outro podemos construir uma sociedade melhor.
A fraternidade é um tema que sempre deve animar nosso comportamento. Nós somos cristãos, seguidores daquele que tratou a todos como irmãos e irmãs, o Homem de Nazaré. O sumo de sua mensagem se expressa no seu mandamento, entregue por Ele na Última Ceia: “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, ASSIM COMO EU VOS AMEI” (Jo 15,12). É essa a lei que deve reger-nos. É bem verdade, todos somos pecadores, nem sempre somos fiéis a esse mandamento. Ninguém é perfeito, porém, o Cristo nos deu o seu Espírito, para que possamos seguir nesse caminho.
Celebramos a nossa Pátria. Amamos a nossa Nação. Somos cidadãos e cidadãs. Mas, “porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14) e, ainda, “nós, ao contrário, somos cidadãos do céu. De lá, aguardamos como salvador o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3,20). Nossa responsabilidade para com a Nação se torna imperativo do nosso discipulado missionário. Somos chamados a santificar nosso ambiente, a testemunhar e viver a nossa cidadania à luz do mandamento novo de Jesus Cristo e buscar sempre o bem comum. De fato, a Igreja reconhece a importância de cada Nação, da democracia e da missão dos cidadãos e cidadãs:
“Um juízo explícito e articulado sobre a democracia se encontra na Encíclica Centesimus Annus: A Igreja encara com simpatia o sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade, quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de substituí-los pacificamente, quando tal se torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares ou dos objetivos ideológicos. Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana. Aquela exige que se verifiquem as condições necessárias à promoção, quer dos indivíduos através da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da ‘subjetividade’ da sociedade, mediante a criação de estruturas de participação e co-responsabilidade’” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 406).
E o Papa Francisco nos orienta nesse caminho.
“Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum. Mas, hoje, infelizmente, muitas vezes a política assume formas que dificultam o caminho para um mundo diferente” (FRANCISCO. Carta Encíclica sobre a fraternidade e amizade social Fratelli tutti, n. 154).
Oxalá, o 7 de setembro nos leve ao alvorecer de um País melhor e mais justo.
Texto: DOM JAIME VIEIRA ROCHA
Imagem: PIXABAY
Fonte: CNBB