ASCENDER AO CÉU EM CORPO E ALMA

MARIA

Queridos Irmãos,

Existem algumas questões que nos cercam ao longo da vida: Existe algo além das fronteiras da vida, de nossa existência mortal? O que podemos deixar de nós mesmos para aqueles que permanecem? Depois de tudo que vivi aqui na terra, o que vai acontecer? Muitas pessoas estavam convencidas de que o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção como uma resposta aos horrores da Segunda Guerra Mundial, quando muitos corpos foram profanados.

A solenidade da Assunção foi celebrada na Igreja Católica por muitos séculos sem uma definição doutrinal formal. A doutrina de que Maria foi “ascender ao céu em corpo e alma” é uma proclamação oficial da Igreja do Papa Pio XII, com a Bula Munificentissimus Deus, em 1950.

Para muitas pessoas de nosso tempo, este dogma de celebrar a assunção ao céu em corpo e alma da Virgem Maria soa estranho e até incompreensível. Podemos dizer, para além da motivação do Papa Pio XII, que é uma celebração que dignifica o corpo e a alma, ou seja, a pessoa inteira, pois é um dom dado por Deus que deve ser cuidado.

Se há algo que responde às perguntas mais profundas da vida, é o AMOR. A Sagrada Escritura afirma que o amor é para sempre, que é uma semente que dá fruto ao encontrar um coração disposto a recebê-lo: um coração não dobrado sobre si mesmo, mas pronto para deixar espaço para a presença do Outro, para o dom que o Senhor oferece… Esta foi a vida de Maria, que acolheu, não sem medo, a palavra do Senhor e a sua promessa de vida:

NÃO TEMAS, MARIA, POIS ENCONTRASTE GRAÇA DIANTE DE DEUS. EIS QUE CONCEBERÁS E DARÁS À LUZ UM FILHO, E LHE PORÁS O NOME DE JESUS. (Lucas 1, 30-31).

Maria é capaz de exultar nas maravilhas que o Senhor fez em sua existência. Ela é capaz de contemplar as graças que o Senhor continua a oferecer ao mundo, fazendo “GRANDES COISAS” por nós. Ela é capaz de reconhecer que a misericórdia do Senhor se estende “de geração em geração”, ou seja, para sempre. A festa hodierna do “trânsito bendito” de Maria é um sinal de que aquelas questões fundamentais têm resposta no que Deus fez com a Mãe de Jesus, tornando-a participante na ressurreição do corpo, concedendo-lhe a glória celeste. Esse sim de Maria é um sim à vida feita em doação, em rendição aos planos de Deus.

Se um dia Maria disse SIM a Deus, e acolheu a Palavra em sua vida, sem reservas, hoje celebramos o sim de Deus à entrega de Maria, acolhendo-a de corpo e alma, isto é, plenamente, em sua glória. Somos convidados a ler esta festa à luz da ressurreição, que celebra a humanidade acolhida em Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo e, com ele, a Bem-aventurada Virgem Maria.

Texto: EGUIONE NOGUEIRA, cmf