Em comemoração aos 150 anos da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja, pelo papa Pio IX no dia 8 de dezembro de 1870, o papa Francisco com a carta “Patris Corde” nos convida a celebrar em 2021 o ano de São José. Tendo como objetivo lhe estimular à leitura dessa bonita carta, apresento-lhe algumas ideias dos diversos tópicos da mesma. José amou a Jesus com o coração de Pai providenciando-lhe todos os cuidados necessários. Nos evangelhos ele nos é apresentado como o humilde carpinteiro (cf. Mt 13,55), esposo de Maria (cf. Mt 1,18; Lc 1,27), «homem justo» (Mt 1,19) e sonhador (cf. Mt 1,20;2, 13.19.22). Em Belém, ajustando-se num estábulo, com sua esposa assistiu o nascimento do Messias (cf. Lc 2,7) e foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2,8-20) e dos Magos (cf. Mt 2,1-12).
José foi com Maria ao templo, quarenta dias após o nascimento do menino Jesus para apresentá-lo e oferecê-lo ao Senhor pois era o primogênito (cf. Lc 2,22-35). Como zeloso pai e guardião, para defender o menino Jesus da maldade de Herodes, José fugiu para o Egito (cf. Mt 2,13-18) e de lá só regressou quando tudo já estava totalmente seguro (cf. Mt 2,20-23), testemunhando assim a sua prudência e sensibilidade preventiva.
Em meio a tantos desafios pelos quais passamos hoje por causa da pandemia e outros problemas em relação à família, somos chamados a olhar para a figura de São José e encontrar nele, o homem da presença quotidiana discreta, o intercessor, o amparo e o guia nos momentos difíceis. A carta do Papa Francisco é composta por sete pontos.
SÃO JOSÉ, PAI AMADO
A grandeza de São José consiste no fato de ter sido amável esposo de Maria e cuidadoso pai de Jesus colocando-se inteiramente a serviço do filho de Deus e, dessa forma, do plano de salvação. A paternidade de José assumiu muitas características, como por exemplo, o serviço generoso, a capacidade de sacrifício, a ação conjunta (Maria e José), o espírito de proteção à sua esposa e ao filho, a preservação da vida, a dedicação ao trabalho.
SÃO JOSÉ, PAI NA TERNURA
Jesus experimentou a ternura de José, pois ao seu lado cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus, dos homens e por ele era acompanhado (cf. Lc 2,52). José ensinou Jesus a andar segurando-o pela mão como diz o profeta Oséias: era para ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto e inclinava-se para ele a fim de lhe dar de comer (cf. Oséias 11,3-4). Jesus experimentou a ternura de Deus a partir do carinho paterno de José. A experiência da virtude da ternura está profundamente vinculada à misericórdia de Deus. A ternura é a capacidade de acolher a fragilidade do outro. Dessa forma Deus acolhe as nossas fragilidades e os pecados de todos os pecadores através do Sacramento da reconciliação e nos perdoa.
SÃO JOSÉ, PAI NA OBEDIÊNCIA
Conforme encontramos nos evangelhos, José se tornou pai adotivo de Jesus obedecendo aos planos de Deus e se fez obediente. Quando ficou sabendo que Maria estava grávida, ele viveu uma profunda angústia. Para não denunciá-la, decidiu abandonar Maria em segredo (cf. Mt 1,19-21). Nessa situação Deus vem ao seu encontro através do anjo confirmando que tudo era plano de Deus. Ele obedece! José também é testemunha da beleza da obediência quando parte para o Egito em vista de proteger a criança porque Herodes queria matá-la (cf. Mt 2,13-15). A mesma coisa também aconteceu quando chegou o tempo de voltar para a terra de Israel; o caminho de volta se fez após o chamado de Deus (cf. Mt 2,21-23). José também se fez obediente diante das prescrições legais cumprindo o que exigia a lei em relação à circuncisão do Menino Jesus, a purificação da mãe e a oferta dos primogênitos a Deus (cf. Mt 2,21-24).
SÃO JOSÉ, PAI NO ACOLHIMENTO
Outra característica muito significativa de São José é a experiência do acolhimento. José acolheu Maria como sua esposa, as palavras do anjo, as exigências da lei. José acolheu os desafios de cada situação que enfrentou conservando o respeito às pessoas, a serenidade espiritual, a firmeza de ânimo, não se deixando abalar pela frustração e nem se fixando em seus raciocínios. Com responsabilidade e espírito de fé, em tudo ele nos testemunha profunda vida espiritual e capacidade de acolher as circunstâncias desagradáveis. Em José encontramos não simplesmente um homem resignado, mas também o protagonista corajoso, forte e que testemunha o dom da Fortaleza.
SÃO JOSÉ, PAI COM CORAGEM CRIATIVA
José passou por muitas situações difíceis em sua vida, mas enfrentou todas elas com coragem criativa não se deixando vencer. Encontramos a manifestação da sua criativa coragem quando arranjou um estábulo e o preparou para ser a casa onde nasceu o filho de Deus. José enfrentou corajosamente a fuga para o Egito para defender a vida do menino Jesus da fúria de Herodes. Com São José aprendemos que, em certas situações desafiadoras da nossa vida, não podemos nos paralisar no medo, mas reorganizar nossa vida, confiar em Deus, erguer a cabeça, orar e buscar a melhor saída. José fez isso graças a sua grande sensibilidade espiritual, abertura para com a Palavra de Deus e capacidade de discernimento. Por causa da sua atitude de grande confiança em Deus e preocupação criativa diante dos problemas humanos, São José é o padroeiro dos pobres, atribulados, moribundos, forasteiros, e de todos os necessitados.
SÃO JOSÉ, PAI TRABALHADOR
José era um profissional (carpinteiro) que vivia honestamente do trabalho de suas mãos e do suor do seu rosto para sustentar a sua família. Através do trabalho o ser humano colabora com a obra da salvação colocando suas potencialidades, competências e virtudes a serviço do Reino de Deus. O trabalho é uma necessidade humana e uma exigência fundamental para a serenidade da vida na sociedade. Em nossa sociedade atualmente temos muitos problemas em relação ao trabalho e à economia, como por exemplo, a questão do desemprego, o subemprego, a exploração trabalhista, as indignas condições de trabalho, a crise econômica etc. Que São José interceda por todos os jovens sem emprego, sem trabalho e pelas famílias que estão passando por graves dificuldades econômicas.
SÃO JOSÉ, PAI NA SOMBRA
O escritor polonês Jan Dobraczynski (Editora Cultor de livros, 2018), escreveu um livro sobre São José com o título “A sombra do Pai”, refletindo sobre a sua atitude de humilde carpinteiro em sua luta cotidiana de pai e esposo. Fez tudo isso com fidelidade “à sombra do Pai”. José foi para Jesus a sombra do Pai Celeste que o guardou, o protegeu seguindo seus passos sem se afastar dele. Assim exerceu a sua paternidade durante toda a sua vida. No exercício da sua paternidade José experimentou um profundo senso de responsabilidade para com seu filho adotivo. À sombra do Pai, José foi obediente a Deus e respeitou em tudo a vida, vocação e missão de Jesus Cristo. Hoje na sociedade infelizmente, há pais que querem decidir completamente a vida dos seus filhos, mas isso gera infelicidade, tristeza e frustração. Celebrando o ano de São José busquemos conhecê-lo melhor, imitar suas virtudes e peçamos-lhe a sua intercessão por todos os trabalhadores, esposos e pais.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
Qual dos tópicos mais lhe chama a atenção?
Há hoje na sociedade “crise de paternidade”… se sim, como isso se manifesta?
Dentre as diversas virtudes de São José, qual delas são mais significativas para os esposos de hoje?
Texto: DOM ANTONIO DE ASSIS RIBEIRO
Fonte: CNBB