O Setembro Amarelo é um convite à reflexão sobre como cada um de nós pode contribuir para a prevenção do suicídio e a promoção de uma sociedade mais acolhedora e sensível às questões de saúde mental. É uma oportunidade de reafirmar o valor da vida e de se comprometer a agir para proteger aqueles que estão em sofrimento. A campanha nos lembra que falar sobre suicídio é fundamental para quebrar o silêncio e, assim, salvar vidas.
Gostaria de refletir sobre a recente tragédia do suicídio de um estudante em São Paulo, que lança luz sobre questões críticas que afetam a saúde mental dos adolescentes. Este caso nos obriga a refletir sobre a pressão acadêmica intensa e o bullying, especialmente em relação à orientação sexual e o preconceito racial, que podem criar um ambiente hostil e prejudicial.
A pressão por desempenho em instituições de ensino de alto nível pode levar ao estresse crônico e à sensação de inadequação. Quando os jovens sentem que não conseguem atender às expectativas impostas, podem entrar em um ciclo vicioso de ansiedade, depressão e desesperança. Sem habilidades adequadas para lidar com essas pressões e sem um sistema de apoio sólido, muitos se sentem cada vez mais isolados, levando-os a acreditar que desistir é a única solução viável.
Além disso, o bullying, particularmente quando relacionado à orientação sexual e o preconceito racial, agrava essa situação. Jovens LGBTQIA+ frequentemente enfrentam preconceitos que ferem sua autoestima e comprometem sua identidade. A falta de aceitação por parte dos colegas e até mesmo uma luta interna pela autoaceitação podem intensificar o sofrimento emocional. Assim, a combinação de bullying e pressão acadêmica cria um ambiente tóxico, onde os adolescentes se sentem vulneráveis e sem saída.
Em muitos casos, a ausência de suporte emocional adequado na escola e em casa contribui para agravar esses problemas. Jovens que não encontram espaço seguro para expressar seus medos e sentimentos tendem a internalizar seu sofrimento, o que pode resultar em consequências trágicas. As escolas, como locais onde os adolescentes passam grande parte do tempo, deveriam ser refúgios acolhedores. No entanto, falhas na assistência emocional e na prevenção do bullying podem transformar esses ambientes em lugares potencialmente perigosos.
Diante dessa realidade, é fundamental que as instituições educacionais adotem políticas claras de combate ao bullying e ofereçam suporte psicológico efetivo aos alunos. Programas que promovam a aceitação da diversidade e canais de escuta ativa são essenciais para prevenir tragédias como esta. Além disso, é crucial que pais e educadores estejam atentos aos sinais de sofrimento emocional e prontos para intervir com empatia.
Este triste episódio nos lembra da urgência em criar ambientes escolares que não apenas priorizem o sucesso acadêmico, mas também garantam o bem-estar emocional dos alunos. Todos merecem sentir-se aceitos e seguros para serem quem realmente são.
A família tem um papel importante no suporte emocional, devendo estar atenta aos sinais de sofrimento nos adolescentes, oferecendo um espaço seguro para que eles possam expressar seus sentimentos e preocupações. É importante não apenas valorizar o sucesso acadêmico, mas também priorizar o bem-estar emocional, cultivando relações baseadas no respeito, aceitação e apoio incondicional.
É de suma importância que os adolescentes se sintam acolhidos e compreendidos em sua dor, e percebam que não estão sozinhos nesse momento, seja na família, na escola ou com profissionais de saúde mental.
Texto: Vera Lúcia R. de Lima – CRP 06/89858